terça-feira, 30 de março de 2010

Os beijos que não dei

Amiga minha agora há pouco estava choramingando por causa de uma história que gerou expectativas que se frustaram. E choramingou também por todas as outras histórias da vida dela em que aconteceu a mesma coisa. Dessas em que a gente faz tudo certinho, atravessa o campo driblando todo mundo, dá aquele chute pro gol... e o Galvão grita "pra foooooora!".

E quem não passou por isso? Eu que o diga. Minha vida é uma sucessão de bolas na trave ou pra fora. Caras que eu tinha certeza de que ia pegar e não peguei. Beijos que eu estava quase dando e não pude dar. Caras que eu achava que eram "o cara" e não eram. Caras pra quem tentei dar uma chance e não consegui, não me atraiam o suficiente. Se eu fosse contar todos os casos, acho que ia ter que fazer um blog só disso. Afe, que amargura que seria esse blog!

Mas sabe o que acontece com tanta frustração? Um dia vira passado. E as coisas começam a fluir. É só fazer uns ajustes aqui e ali na sua cabecinha e na sua vidinha. E contar com um pouco de sorte, claro, mas isso todo mundo tem pelo menos um pouco em algum momento, né?

Por exemplo, eu mesma, depois de tanta bola fora, hoje sou a feliz namorada de um rapagão parrudo que me provoca graves ataques de fofura. Não sei se no fim não vai ser mais uma frustração - nunca se sabe, nunca - mas pelo menos dessa vez eu marquei o gol. Se vou ganhar ou não o jogo, aí já é outra história.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Pessoas sem noção de mundo - conceito e exemplos

Nesses meus quase 30 anos de vivência e de convivência com outros seres humanos, pude observar diversos tipos de comportamentos, mentalidades, sexualidades, individualidades e vários outros “ades”. Gente de tudo quanto é tipo, tamanho, cor, cultura, poder. Entre milhares de questões e conclusões que formulei com tudo isso, desenvolvi um conceito para classificar algumas pessoas com as quais tive a oportunidade de compartir momentos, seja por minutos, horas, dias, meses ou até mesmo anos.

Seguramente todos vocês lembrarão de alguém com as características que vou enumerar. O conceito é o de “pessoas sem noção de mundo”. Explico: são aquelas que não têm a menor noção de regras básicas da convivência. Ou que desconhecem dados geográficos básicos, que fazem (ou deveriam fazer) parte da cultura geral de todos. Por “dado geográfico” entenda-se não só “Cabul é a capital do Afeganistão”, mas saber que a Torre Eiffel fica em Paris, por exemplo. Podem ser também pessoas que não sabem o que se passa ao seu redor, o que se passa no mundo. Em geral sabem só o que está na novela ou nas revistas de fofoca. Também entram na categoria as pessoas sem educação, que não sabem que tem que falar obrigado, por favor, respeitar o próximo. É um conceito bem abrangente, como vocês podem ver.

Excluo da classificação pessoas que realmente não têm acesso à educação e à informação, seja por falta de dinheiro ou por qualquer outro motivo. Quem não tem como ir viajar, pra ver como tem gente e lugar e tudo tão diferente do que a gente tá acostumado a ver na nossa vidinha cotidiana. Alguém que more numa aldeia indígena ás margens do Rio Amazonas, dessas que o Globo Repórter visita de vez em quando dizendo que nunca antes o “homem branco” havia chegado lá, não tem nem como saber que a Torre Eiffel fica em Paris.

Vou dar exemplos, para que fique mais fácil a compreensão do conceito. Uma vez recebemos em casa uma (ex) amiga da minha irmã que eu sempre odiei, justamente porque ela não tem a menor noção de mundo. Ela veio com o namorado e o cunhado. Ambos também se encaixavam perfeitamente no perfil. Pra vocês terem uma idéia, a mina não me falava “bom dia”. Ela estava na MINHA casa, comendo da MINHA comida, e não me falava sequer “bom dia”. Eu chegava e ela ficava olhando para um ponto fixo á sua frente, só pra não me olhar e fazer o esforço de me cumprimentar. E os dois trogloditas, então, que levantavam e já iam abrindo a geladeira? Se eles fossem da família, ou amigos íntimos, tudo bem. Mas não era o caso.

Sem noção de mundo.

Há alguns anos estudei italiano na Itália por um mês. Uma das minhas companheiras de viagem era absurdamente sem noção. Ela tinha 20 anos na cara e tinha medo do escuro e de dormir sozinha. Só faltava pedir pra eu dar a mão pra ela conseguir dormir. Estávamos combinando nossa viagem a Florença e ela perguntou: “mas e pra Firenze, quando a gente vai?” Dio santo, qualquer um sabe que “Firenze” é Florença em italiano. Ou não? Ainda mais alguém que estuda italiano e que está na Itália.

E o tio da minha amiga, que em pleno almoço de domingão em família vira pra ela, na época adolescente, e pergunta, do outro lado da mesa e em alto e bom som: "e aí, Laurinha, você tá virgem ainda?" Ou o avô do meu amigo, que no enterro de um velho companheiro foi abordado por uma senhora que lhe perguntou "o senhor lembra de mim?". Ele, que estava ao lado da família do falecido, respondeu efusivamente: "mas é claro!! Você era amante do Viana!". Sim, ela era amante do defunto.

Lembrei de mais uma história que merece ser contada. É de uma das milhares de primas da minha mãe. Ela é completamente tchalau (tchalau = “louco” na língua da minha família). Vejam só: certa feita, estava ela com outros familiares em um lugar que vende churros (churraria?). Um deles era “o primo viado”. Daquelas bichinhas magrelinhas, camisetinha baby look, vozinha fina, estilista de vestidos de noiva. Ela comprou seus churros e, vendo que o tal primo não tinha comprado nenhum, disse “mas você não vai comer churros??”
- Não, obrigado. Churros dão espinhas.
- Aaaah é?? E dar o cu não dá espinha não, né???

Isso dito bem alto e estridente, no meio do lugar. Eu a-mo essa história!!!

Viram só, nem sempre os “sem noção” são irritantes; ás vezes são embaraçosamente divertidos! Esses foram só alguns exemplos de “semnoçãolidade” (nossa, forcei). Mas deu pra entender o que é, né? Com certeza todo mundo conhece alguém assim. E cuidado, você pode ser um “sem noção de mundo” sem saber...

domingo, 21 de março de 2010

Desgraçada

É apertar um botão e todas as desgraças do mundo entram no aconchego do seu lar. Catástrofes de tudo quanto é jeito, assassinatos, acidentes... é violência, destruição e tristeza até não poder mais.

E você não vê a desgraça uma vez só. Tipo viu, se impressionou, que merda, fazer o quê, o show e a vida têm que continuar, eu vou é comprar papel higiênico que tá acabando. Não! Ela é mostrada, esmiuçada, comentada e repetida 457 vezes por 52 canais de TV, 135 portais da internet, 43513 blogs, 27813 twitts e assim vai. Dependendo da magnitude da tragédia, isso dura dias e dias até que outras aconteçam e ocupem o seu lugar, recomeçando todo o processo. Parece que não dá pra escapar.

A mídia mostra demais esse tipo de coisa. Sem falar das bizarrices humanas, das humilhações ao vivo e a cores, dos barracos homéricos em tempo real. Tudo negativo, tudo trevas. É disso que o povo gosta. É isso que vende.

E se passassem a dar mais boas notícias? Ou a suavizar um pouco as más? Imagine que bacana se você abrisse o jornal e lesse uma coisa assim:

"Depois de anos economizando, a manicure Roseli Pereira, 45, finalmente vai realizar o sonho de conhecer Paris."

OU

"Um homem foi assaltado quando chegava em casa hoje, ao redor das 20hs, na Vila Nhocunezinho. Em compensação, outros 2672 moradores do bairro não tiveram maiores problemas ao retornar ás suas residências. Inclusive era aniversário de um deles, o sr. Sandoval Carvalho, que fez 70 anos e ganhou uma festa-surpresa de sua mulher, dona Geni, com a presença dos quatro filhos e 11 netos do casal."

Não seria sensacional?

Claro que estou exagerando. Mas comecei a pensar nessas coisas quando percebi que estava ficando medrosa e ansiosa demais. Acho que um pouco por razões que não vem ao caso agora, mas também vi que me expor tanto a tantas notícias ruins e negatividades afins estava me afetando.

Acho difícil a mídia mudar essa postura de explorar as mazelas humanas nas suas mais distintas magnitudes. E também é óbvio que o fluxo de informações só tende a aumentar, com tantos meios tecnológicos para isso. Mas podemos filtrar um pouco o que chega até a gente, né? Ou como isso impacta na nossa cachola.

Não estou dizendo que temos que fechar os olhos pras ruindades do mundo e nem que temos que viver nos enganando, achando que tudo é um mar de rosas. Temos que saber o que está acontecendo por aí pra se conscientizar, se solidarizar, agir se for o caso, se comover, ou mesmo só saber o que se passa com nossos semelhante, afinal o mundo é um só e estamos todos ligados de algum jeito, todos no mesmo barco.

O que quero dizer é: acho que a gente precisa saber que um avião caiu, mas talvez não seja realmente necessário explorar os pormenores da vida das 200 e poucas pessoas que estavam nele e nem exatamente como as famílias das vítimas se sentiram. Porque isso a gente imagina, né??

Uma sugestão pra diminuir um pouco a presença de tanta desgraceira na nossa vidinha cotidiana é menos TV e internet e mais livros, mais DVDs bacanas (isso vale também para você mesma, dona Nadja G.). Mais blogs engraçados e menos portais de notícias. Sem se alienar e nem perder a noção do que está rolando, mas também sem paranóia. Não é uma boa?

sexta-feira, 12 de março de 2010

Frase do dia

Quando eu tinha uns 14 anos eu colecionava frases. Hoje em dias as adolescentes colecionam abortos, e eu colecionava frases. haha Que horror!

Hoje lembrei do nada de uma muito boa: "a memória é uma velha louca que guarda trapos coloridos e joga comida fora."

Taí uma verdade!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Home alone

Nessa nossa (cruel) idade, a maioria mora sozinho ou com alguém pra chamar de seu. Ou com room mates, sei lá. Quis dizer que a gente não mora mais com papai e mamãe ou algo que o valha.

Morar sozinho é uma beleza. Você pode decorar a casa como bem entender - ou como o seu orçamento permitir, né, porque venhamos e convenhamos que na nossa (cruel) idade em geral a grana não é lá muito farta. Pode levar quem quiser. Pode fazer festa com a galera, pode ficar quieto, pode ler um livro, ouvir música e ver TV ao mesmo tempo que ninguém vai te encher o saco. Pode ficar pelado - só cuidado com as cortinas se a intenção não for oferecer um peep show gratuito aos vizinhos. É bom!

Tem umas coisas que eu diria que todo mundo que mora sozinho faz. Por exemplo, todo mundo que mora sozinho faz uma porqueirinha de vez em quando. Não tem ninguém olhando mesmo, né? Que atire a primeira pedra quem mora sozinho e nunca bebeu água do gargalo da garrafa ou foi dormir sem banho.

Todo mundo que mora sozinho ás vezes come qualquer coisa. A frase teve duplo sentido, mas eu pensava no sentido bíblico da coisa mesmo, alimentar-se. Um amigo querido ás vezes janta tremoço. Eu já jantei 5 biscoitinhos com queijo.

Todo mundo que mora sozinho - por mais quase 30 que tenha - ás vezes tem um medinho de noite e não sabe bem do que é.

Todo mundo que mora sozinho já sorriu de prazer ou já chorou de solidão ao pensar "é, tô aqui sozinho!".

Morar sozinho é ótimo, mas como tudo nessa vida, tem o seu lado ruim. Por exemplo, tem vezes que você chega em casa e tudo o que você queria era uma comidinha fresquinha e quentinha te esperando lindamente em um prato. Só que você só vai ter essa comidinha se passar todo o perrengue de pegar tudo, cortar, preparar, cozinhar, sujar um monte de coisa... ou apelar pro delivery, que nunca é a mesma coisa que uma comidinha caseira.

Outra coisa péssima é descobrir que, se chegar em casa e deixar o sapato no meio da sala, no dia seguinte ele vai continuar no meio da sala. Imóvel. Não, os sapatos não voltam sozinhos para o armário! Ah, e o papel higiênico não se renova automaticamente, a louça não é auto-lavante e por aí vai. Não sei o que é pior, descobrir tudo isso ou que Papai Noel não existe, aos 4 anos.

Lembrei disso tudo revendo um post do meu blog pessoal de quando eu comecei a morar sozinha, há quase 3 anos. Reproduzo:

"E aí, como vai a vida morando sozinha?" Bem, bem. Quase não esqueço de pagar as contas, nada caiu, nada quebrou, nada apodreceu na geladeira, não me sinto sozinha - bom, de vez em quando - e continuo mais gostando que não gostando.

Contudo, já esqueci a geladeira aberta o dia inteiro uma vez, já risquei o chão, a parede, e ainda não mandei arrumar a tampa da privada que está solta.

E sexta foi a vez de esquecer uma das bocas do fogão ligada. Eu tinha feito um sanduichinho de manhã, tirei ele do fogo mas esqueci do *detalhe* de desligar o fogão. Isso foi ás 10 da manhã. Aí eu chego em casa duas da manhã e lá está o fogo, na dele, coitado, azulzinho, escondido debaixo da frigideira. Desliguei. Ninguém viu, nada se queimou, está tudo bem, amanhã será um novo dia.

Mas o fogo não me perdoou. Acho que ele ficou ressentido com o meu descaso. "Essa menina está brincando com o meu poder", deve ter pensado o fogo. "Isso não vai ficar assim".Aí sábado fui eu feliz e saltitante fritar batatas pela primeira vez. Na verdade queria fazê-las no forno, mas não consegui ligá-lo. Acho que tá com problema, juro, porque não é possível, eu não sou tão incompetente. Então pensei "quer saber? Vou fritar as batatas".

Meu coração até bateu mais forte. Ui, sou tão ousada. Minhas primeiras batatas fritas. Mais uma primeira vez. Não poderia ser tão difícil. Frigideira, esquenta o óleo, pá, joga as batatas, pá pum, bota num negocinho com guardanapo e pronto.

Então peguei uma frigideirinha pequena que tenho - a mesma do sanduichinho do dia anterior. "Porque vou fritar poucas, afinal estou sozinha e nem posso comer muito". Óleo. Fogo.

Espero um tempinho, enrolo um pouco, respondo o messenger, olho meu rosto fininho no espelho, penso que a vida é bela e em breve estarei comendo deliciosas batatinhas noisette fritas por mim mesma, uma mulher independente e segura.

Quando achei que o óleo já estava no ponto, peguei cinco batatinhas congeladas e taquei na frigideira, então...VVVVUUUUUUUUUUUUUSSSSSSSSHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

FOGO!!!!!

Subiu uma puta labareda da frigideira e espirrou óleo pra tudo quanto é lado!! Foi o tempo de eu gritar, dar um pulo pra trás, jogar o saquinho de batatas congeladas no chão e pensar CARALHOOQUEUFAAAAÇOOO!!!!! Aí Deus, meu anjo da guarda ou o que quer que haja lá em cima apagou o fogo. Me aproximei, apaguei o fogo do fogão e medi os danos. Nada. Chamuscou o exaustor e o armário, mas foi só limpar que saiu. E duas gotinhas de óleo espirraram perto da minha boca e me queimaram, mas muito pouquinho mesmo, parecem espinhinhas.

Joguei as cinco batatinhas flambé no lixo e fui procurar qualquer coisa em lata pra comer, porque o fogo me mostrou que não estava pra brincadeira. Que susto... e que sorte!!

Desde então, arrumei a tampa da privada mas não troquei o tecido da poltrona. Risquei mais o chão e as paredes já precisariam de uma pintura. E nunca mais tentei fritar batatas. Mas aprendi a ligar o forno - que não tinha problema nenhum, eu era tão incompetente mesmo.

Falando em comida, ninguém pediu mas eu termino o post com uma dica preciosa pra quem mora sozinho ou está planejando: compre um grill George Foreman!! É ótimo! Você mete uns hambúrgueres lá, faz um arrozinho e voilá, comidinha quentinha! Eu tenho e conheço muita gente que mora sozinha e tem (e adora). God bless George Foreman!