segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

I´ve got you under my skin

Dentre as muitas coisas que não entendo neste mundo estão as tatuagens. Sei que hoje em dia isso significa que eu não sou normal, porque o normal é ter tatuagem. Se antes quem tinha era marginalizado, hoje é quem não tem. "Nossa, nenhuma? Eu tô pensando na quinta, uma fadinha sentada na lua na minha nádega esquerda..."

Ás vezes os desenhos são coisas que as pessoas querem - ou pensam que querem - levar com elas para o resto da vida. O rosto da filhinha pequena, o nome do amado. Ás vezes a tatuagem é só pra enfeitar mesmo, como um brinco ou uma maquiagem. Ou pra se diferenciar (não sei de quem, já que quase todo mundo tem). Pode ser até por uma coisa mais louca de se auto-mutilar, ou de querer chamar a atenção de algum jeito. Sei que há N razões pra se fazer uma tatuagem. Mas nenhuma dessas razões me convence.

Tem aquele povo mais discreto que diz "ai, vou fazer uma coisinha pequena, num lugar escondido, ninguém nem vai ver". Poxa, gastar dinheiro para sofrer com a dor e depois ninguém ver o resultado? Que boa ideia! Mas então pra quê? Acho que só vale a pena fazer algo dolorido e discreto se for uma operação, questão de saúde, não uma tatuagem.

Aí tem aqueles desenhos que já viraram bunda, todo mundo tem: tribal, ideograma japonês, florzinhas, uma frase de uma música. Eu me pergunto: tribal pra quê, você é índio? Ideograma japonês pra quê, você é japonês? (se for acho que até tem sentido, mas nunca vi um japa com uma tatuagem assim). A música que hoje parece a trilha sonora da sua vida pode ser que vire algo a ser esquecido, mas você está condenado a carregar o trecho escolhido na pele. Como proceder?

"Ah, quero fazer algo que me caracterize". Não bastam seus olhos, seu jeito, seu cabelo, suas roupas, a distribuição das suas pintas e cicatrizes pelo corpo? Precisa passar pela torturinha de se tatuar? Fazer tatuagem porque é bonito? Ok, realmente há desenhos lindos, bem-feitos. Mas é necessário cravá-los no corpo pra sempre? Se eu quero ter um desenho bonito no meu corpo, eu boto uma camiseta. Ou um vestido estampado. É ótimo: eu tiro a hora que eu quiser, lavo, e se eu enjoar eu simplesmente dou pra uma amiga ou aos mais necessitados. Não tenho que pensar que vou ficar com aquilo no corpo pelo resto dos meus dias. Se hoje em dia as relações não são pra sempre, um nariz horrível não precisa ser pra sempre, quase nada é pra sempre, porque uma tatuagem precisa estar lá até o fim?

Pra mim esse é o grande problema: tatuagens são pra sempre. Só que elas não ficam pra sempre do mesmo jeito: a tinta vai perdendo a cor, os traços vão ficando meio borrados, sem contar a própria pele que envelhece e com ela leva o desenho pra baixo. Estou bem curiosa pra ver como a minha geração vai estar aos 80 anos: cabelos brancos, bengala, vestidos discretos e um tribal desbotado no cóccix, ou uma borboleta quase apagada e enrugada no ombro.

Sei que há métodos para apagar tatuagens, mas não funcionam bem. Fica um borrão ou uma cicatriz. Ás vezes a solução pra se livrar de um desenho é fazer outro por cima, o que pode ser pior. Já pensou?? É complicado! Não sei se eu conseguiria dormir pensando que um dia escrevi no pulso, sei lá, "Wandersson forever", e depois descobri que Wandersson me corneava há anos com minha melhor amiga. Pode acontecer com todos nós. O que hoje pra você parece superlegal e a razão da sua vida, amanhã pode ser apenas uma foto empoeirada e esquecida no fundo da gaveta. Mas a tattoo estaria lá. Sei que tem de henna, ou adesivos, coisas não tão definitivas, mas no es lo mismo, né?

Vejam bem, não estou criticando quem faz tatuagem, pelo amor de Deus ou do que quer que haja lá em cima. Quase todo mundo tem.  Não tenho nada contra, imagine. Apenas, repito, não entendo muito bem. Eu não faria porque não consigo pensar em nada que seja obrigatoriamente pra sempre.

Eu acho que o ideal seria a tatuagem durar uns dois ou três anos. Depois disso ela desapareceria, mas se você quisesse mantê-la, seria só passar um spray ou algo assim. Não seria uma boa? Não é tanto compromisso, se não curte mais é só esperar ela sumir, se curte é só dar uma boa renovada. Fica a sugestão para empreendedores do ramo!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Desafio "Um ano sem comprar roupa" - atualizando

Esta semana enfrentei uma prova de fogo no meu auto-imposto desafio: fui sozinha a dois shoppings diferentes. Um pra tentar comprar uma bolsa vermelha - bolsa pode! - e outro pra fazer hora antes de encontrar meu rapaz - e deu no que deu. Mas em ambas as vezes eu saí do shopping de mãos vazias: sem bolsa, porque não gostei de nenhuma, sem roupinha nova, sem nem um colarzinho. Nada.

Ir a um shopping e saber que você não pode comprar nenhuma roupeta já não é fácil. Imagine agora que tá tudo em liquidação. A palavra SALE estava por todos lados, sempre grande, brilhante, me atiçando pra cair em tentação e comprar um vestidinho, uma camisetinha. Tive até a pachorra de entrar numa Zara em liquidação - PERIGO, PERIGO - e mesmo assim me mantive firme. Nada.

Na verdade nem foi tão difícil. Cada vez que olhava pra uma camisetinha, pensava em alguma que tenho e não uso há meses. Pensava em economizar para a minha próxima viagem. E consegui não comprar nada. Consegui!!

Quanto a usar o que tenho em vez de sair comprando: outro dia peguei dois sapatos que estavam em petição de miséria pra ver se valia a pena jogá-los fora. Um era uma sapatilha meio dourada que estava toda preta e ralada. Outro, uma Melissa roxa meio antiga, anabela, cujo salto é de uma borracha diferente  e já estava bem sujo e ferradinho. Gosto de ambos, principalmente da Melissa, e me dava um apertinho no coração cada vez que pensava em me desfazer deles.

Pois então o que foi que eu fiz? Dei-lhes um belo trato!! Meti um escovão com sabão de coco na sapatilha, que ficou limpinha. Depois uma enceradinha e voilà!! Tenho uma nova sapatilha. Já a Melissa envolveu todo um trabalho artístico: colagem de partezinhas que estavam se desprendendo da sola no calcanhar e pintura com canetinha em uns raladinhos no salto para que ficassem menos visíveis. Rolou até uma mistura de cores para ficar no tom certo. Achei bem de pão-duro isso de pintar Melissa com canetinha, mas né? Às vezes é preciso. Resultado: não ficou "puxa, tá nova", mas sim perfeitamente usável. Tanto que a usei pra ir trabalhar e neguinha ba-bou na Melissa véia!

Então é isso, por enquanto eu estou conseguindo. Dia 11 de fevereiro completo 4 meses sem comprar roupa. Vamos que podemos!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cinquentinha

Ultimamente este humilde espaço virtual tem recebido vários elogios de leitores conhecidos (olá, amigas, primas, tias e afins!) e desconhecidos (olá, desconhecidos!). Queria agradecer a todos, vocês não sabem como fico feliz! O que mais gosto de fazer na vida é escrever, e saber que tem gente que gosta do que sai da minha cabecinha, que ri, que se inspira com isso, me deixa muito feliz.

Além disso, hoje cheguei aos 50 seguidores. Não é um número astronômico, não vou ficar famosa nem ganhar dinheiro com isso, mas fiquei contente mesmo assim! Poxa, 50 pessoas curtem o blog a ponto de seguí-lo. Não é lindo? Pra mim, sim!

Obrigada a todos e voltem sempre!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O reencontro - ou "este mundo é deveras bizarro"

Como vocês viram no post anterior, ontem comemorei dois anos de namoro.

Puxa, que bonito.

Saí mais cedo do trabalho, que temporariamente está sendo do oooutro lado da cidade em relação a onde eu trabalho mesmo. Parei em um shopping ao qual nunca vou pra fazer hora antes de encontrar o meu respectivo e comemorar.

Quando já estava me encaminhando para ir embora, quem eu encontro? Assim, passando por mim? Um rapaz que foi mencionado neste post sobre fantasmas do passado escrito em maio do ano passado. Foi um moço muito importante pra mim há uns cinco ou seis anos e que, no final, pegou meu coração, enfiou ele num espeto, botou na churrasqueira e comeu com vinagrete e fritas. Eu nunca mais tinha visto a criatura - ele mora em outro país - e nunca mais tinha falado com ele. Neste período ele tentou entrar em contato uma vez (vide o post dos fantasmas), mas foi solenemente ignorado pela minha soberana pessoa.

Pois ontem - justo ontem, quando pela primeira vez na vida comemorei dois anos de namoro com alguém - nos encontramos. Por acaso?

Eu sabia que, quando vinha ao país, ele ficava pertinho daquele shopping. Eu sabia que ele costumava vir em época de férias. Mas essas eram informações de cinco anos atrás, né? Mesmo assim, quando estava indo ao shopping pensei "quer ver que vou encontrar Fulano justo hoje?" E pensei isso no shopping, e meio que olhava pra qualquer cara grandão que via de relance pra ver se era ele. Juro. Até que um deles era ele mesmo. 

Pressentimento? Sei lá. Até aí já pensei "quer ver que vou bater o carro na próxima esquina" e não bati, "ai, já pensou se esse avião cai" e cheguei ao destino sem maiores problemas, "hoje meu blog vai ter 3 dígitos de visitas" e não teve. Mas sei lá. Não foi a primeira vez que pensei "hoje vou encontrar um ex-alguma coisa" e encontrei mesmo. Aliás deve ter sido a quarta, quinta, por aí. No próprio post anterior tem um exemplo disso. Eu, hein!

E vejam vocês a sequência de eventos que tiveram de acontecer para este encontro ocorrer: eu sair mais cedo de um lugar onde geralmente não trabalho, estar excepcionalmente em um lugar aonde muito dificilmente eu vou, e aonde nunca tinha ido numa segunda àquela hora. Ele estar no país, na cidade. No shopping, no mesmo dia que eu, e passando pelo mesmo lugar por onde eu estava passando. Quantas coisas que quase nunca acontecem acontecendo ao mesmo tempo?

Quando o vi, pensei "nossa, é ele!" mas não me surpreendi tanto assim. Parecia que estava vendo alguém com quem eu tinha combinado de me encontrar, tipo "olha, a gente se vê 8h15 lá". Foi estranho.

O tanto que eu pensei nesse reencontro. Primeiro eu sonhei, sonhava quando ainda doía e eu ainda queria ele na minha vida. Depois que ele foi pra gaveta de recordações, o tanto que eu imaginei este reencontro, por mera curiosidade. Como seria? O que eu diria? O que ele diria?

E aconteceu. Ontem. Dia 24 de janeiro, quando eu estava comemorando dois anos de um amor lindinho e feliz com outra pessoa.

Então estávamos lá, frente a frente. Depois de cinco anos. Nos cumprimentamos, ele talvez mais surpreso que eu.

Eu disse "nossa, você está aqui?" Uma pergunta bastante idiota, venhamos e convenhamos, já que ele estava ali parado na minha frente. Mas acho que foi como quando eu fui no Cirque du Soleil, eu não podia acreditar no que os meus verdes olhos estavam vendo. Uma das primeiras coisas que eu disse foi que eu estava indo embora, o que era verdade. "Do país??" Não, do shopping, do país tô só pensando. "Por quê?" Porque já deu, né? Muito tempo já. E ele disse que vai morar em outro país agora. E eu querendo ir embora, e ele querendo falar. Cinco anos depois.

"Eu te mandei um e-mail há algum tempo". Era a mensagem do Facebook do post anterior. Eu disse que tinha visto mas achei melhor não responder. "Pra quê, né?", eu disse, sorrindo sinceramente. "É, eu me toquei, por isso nem insisti".

E ele começou a querer discutir a relação. Meu Deus!!! Eu tenho que ir embora, meu namorado tá me esperando, e ainda por cima depois de cinco anos de silêncio neguinho quer se explicar?? Quando começou o blá blá blá eu dei minha brevíssima versão dos fatos, sempre sorridente, e finalizei: "mas já foi, já faz tanto tempo... quanto tempo faz? Uns cinco, seis anos?" Cinco anos e 18 dias desde a última vez que a gente tinha se visto, mas né? Faz de conta que nem sei direito, afinal já faz tanto tempo e nem foi nada demais.

Perguntei em que cidade ele ia morar, disse que a conhecia e que é maravilhosa. Olhei o relógio, disse "realmente tenho que ir embora, tenho que encontrar meu namorado daqui  a pouquinho". Fui dar um beijinho de tchau nele, e ele meio que não correspondeu o beijo, ficou meio com cara de bobo. Acho que queria falar mais comigo. Desejei boa sorte e - por reflexo, por costume, sei lá - disse "a gente se vê". Me afastei, ri e disse "ou melhor, a gente não se vê", mas acho que ele não chegou a ouvir.

Minha gente... que coisa, né? Eu já tinha escrito aqui que, pelo menos na minha vida, eles sempre voltam de algum jeito. Não sei se acontece com todo mundo, não sei se na minha acontece mais que na média, mas acho no mínimo curioso. E essa última então, justo ele, justo ontem... loucura.

Este mundo dá voltas, é bizarro, é pequeno...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Há dois anos...

... eu escrevi o post abaixo em outro blog. É comprido mas é bonitinho. No final vou colocar no que deu a história.

"Diário de uma combatente (pra quem gosta de post comprido)



Quinta-feira, 20h32

Já dizia o meu sábio pai: mulher é que nem índio, quando se pinta é porque quer guerra.


Djones em frente ao espelho. Corretivo, sombra, outra sombra, outra sombra, lápis, outro lápis, rímel, outro rímel, pó, blush, gloss. Eu me preparava para a guerra. Papai tem razão.


Uma colega tinha comentado comigo dias atrás sobre o astrologyzone.com, site de horóscopo de uma astróloga parece que famosa. Lá fui eu ler as previsões para janeiro no meu signo. Não que eu acredite piamente nessas coisas, mas sempre é bom dar aquela conferida, mesmo que cinco minutos depois eu já esqueça de tudo o que estava escrito.


Entre muito blá blá blá, dizia e repetia que dia 22 seria um dia especial pra conhecer alguém "if you are single". Dizia que eu tinha que estar "out and about" porque Urano ia entrar na casa de Netuno (ou era ao contrário? Ou era Saturno? Sei lá) e isso era a casa do "true love". Que eu tinha que sair, que as estrelas conspiravam, que os anjos abençoavam, que a umidade do ar seria ideal, que estava tudo ao meu favor pra conhecer alguém bacana.


Lá vou eu/ Lá-vou-eu/Hoje a festa é na avenida, cantava eu com os meus botões - ou seria com o decote? - enquanto me arrumava. Já havia convocado três companheiras de batalha, uma delas já retirada dos fronts por ter um macho pra chamar de seu há anos, mas que de vez em quando nos acompanha pra bater aquele papo amigo e dar risada.


Dia 22. Out and about.



21h27


Chego no primeiro bar, elas já estão lá. Cheio de lugar vazio, como diz uma das combatentes. Um ou outro perdido de camisa e gravata com olhares lascivos na nossa direção, balbuciando "eh garota" quando a gente passava. Comecei a desanimar. Bosta de horóscopo.




22h03


Procurando outro bar nas redondezas, a pé. Uma mesa de gatinhos em um, eeeh brasileras quando passamos. Mas aí a gente faz o quê? Pára na mesa e fala "isso, somos brasileiras, vamos sambar?" Não rola. Mais desânimo. Horóscopo de merda. Me fez gastar maquiagem à toa.




22h15


Decidimos pegar o Djones-móvel e ir a outro bar, onde meses atrás fui roubada, fiquei com um babaca e foi toda uma odisseia (sem acento, seguindo as novas regras de ortografia).




22h30


Chegando ao bar, digo ás companheiras de batalha: haha, imaginem que engraçado se encontro justamente o cara que beijei aquele dia? Pois bem, olho pra frente e quem está lá? O próprio.


Olhei apertando os olhinhos com cara de "te conheço de algum lugar". Ele fez o mesmo. "Vem cá, você não é o fulano?" "Sou sim". "Afe... tchau". E entrei no bar. Não era a isso que o horóscopo se referia, né? Espero.




22h33


Dei aquela olhada ao redor. O radar não apitou. Bar meio vazio. Janeiro em Buenos Aires é complicado, negada viaja de férias. Mas esse horóscopo, hein?



22h51


Vamos para o andar de baixo do bar. Vejo o fulano da outra vez passar, nossa companheira fora de combate elogia os dotes físicos do mancebo. "Bobo mas gato, né? Não pego canhão, baby", respondi.




22h55


"Gente, pelamordeDeus, tem um cara muito gatinho olhando pra mim. Me ajudem, tô com vergonha".


Pois é. Um sorriso. Uma altura - algo raro nesta Guliverlândia que é a Argentina. Uns olhinhos. Sabem quando você olha pra pessoa, a pessoa olha pra você e dá um negocinho por dentro, umas luzinhas piscam, o radar apita freneticamente e não há mais ninguém ao redor a não ser aquele ser sorridente?


Eu olho. Ele olha. Eu olho. Ele olha. Olho. Olha.



23h02

Os amigos do rapaz - eles eram 4, como nós - começam a se mobilizar pra vir falar com a gente.






23h03


Eles chegam. O mais feioso, e portanto o que tem que fazer mais esforço pra ser simpático, chega todo pimpão, perguntando de onde a gente era e toda a patacoada de praxe. Meu rapaz me olhando. Eu olhando pra ele. O feioso advertiu que ele, apesar de todo aquele tamanho, não estava falando muito porque era tímido.






23h04 - 1h00


Ok, pra resumir. Papo vai, papo vem. Eu vou direcionando a atenção pro meu rapaz até que nos deixam sozinhos conversando. Uma das combatentes é cortejada (amei a palavra, nunca tinha usado) por um dos amigos, que aliás é brasileiro de nascença e foi o pretexto pra eles chegarem ni nóis.


Nossa terceira combatente fecha a cara, já que não se interessou por nenhum dos outros dois, que eram o feioso e um sósia de Jesus Cristo. A companheira fora da batalha engata uma animada e desinteressada conversa com os dois desprovidos de harmonia estética, já que não queria pegar ninguém mesmo e eles eram tão bonzinhos.


Meu rapaz tem praticamente a mesma ascêndencia que eu. Rússia, Bulgária, Ucrânia, era tudo URSS mesmo. Por parte de pai. Italiana pela de mãe. Meu rapaz adora idiomas, como eu. Meu rapaz adora viajar, como eu. Meu rapaz adora chocolate. Meu rapaz é tímido. Se ele falasse que era apaixonado por automobilismo, eu começava a cantar caaaarne e uuunha/ aaalma gêmea/ baaate coraçããããão ali mesmo e casava no dia seguinte.


A conversa estava boa, mas era hora de dar tchau, que nem os Teletubbies (lembram? "É hora de dar tchau. TCHAAAAUUU!! com voz bem fininha). Dia seguinte era dia de branco (verdade que essa expressão é racista? Mas como, se eram o escravos negros os que mais trabalhavam?).


A combatente que engatou conversa com o brasileiro estava aos beijos, o que já era um bom resultado. Áquela altura eu estava conversando com todos os outros personagens da história, não só com o meu rapaz.


Todos fomos embora. Na porta do bar, nos despedimos. O brasileiro foi levar a soldado beijoqueira em casa. A da cara fechada pegou um táxi. A fora de batalha ia comigo. Não beijei o meu rapaz, embora a vontade fosse de pular no pescoço dele.




2h30 - 8h15


Sono da beleza.




9h15 - 18h30

trabalhotrabalhotrabalhotrabalho




18h35 - 23h07


Enrolação. Cachorros da vizinha latindo de trilha sonora. Inferno. Pensamento voando. Geeente, adorei aquele rapaz. Mas hoje é nóis de nuevo que é dia de festa, aniversário de um querido colega de trabalho.



23h07 - 24h15 (sexta-feira)


Já dizia o meu sábio pai: mulher é que nem índio, quando se pinta é porque quer guerra.


Djones em frente ao espelho. Corretivo, sombra, outra sombra, outra sombra, lápis, outro lápis, rímel, outro rímel, pó, blush, gloss. Eu me preparava para a guerra. Papai tem razão.


O dia anterior deu resultados que prometiam. Mas nada garantido. Ainda sou brasileira, sou solteira, sou guerreira, quer mais o quê. Se bem que estava sussa, ia pelos amigos mesmo. Juro.


23h45 - 4h30


Aniversário. Abraços. Amigos queridos. Gente que não olha pra sua cara no escritório meio bêbada e contando suas agruras como se fosse pra amiga de infância, pedindo conselho e tudo. Risadas. Fofocas. A gente metendo a boca na namorada do aniversariante, muito da desconjuntada - e é a definição perfeita, des-con-jun-ta-da - , sendo que ele poderia ter coisa melhor como nós bem sabíamos. Fotos. Caretas.


Começam aquelas conversas que a gente só tem com amigos queridos. Um diz que gosta de mulher "pulposa". Eu gosto de caras de ombros largos e queixo quadradinho. Ele diz que mulher que vai com muita sede ao pote na cama, que começa a se mexer que nem uma desesperada quando ainda não é hora, não é legal. Eu conto da pior ficada da minha vida, exemplificando que homem afobado demais tampouco é bom.


Eu penso "poxa... deve ser bom ficar com ele então. E é tão fofo. Pena que é enrolado com alguém.". Mas foi só um pensamento solto. Ele é meu amigo e amigos não têm pinto. Né? É, Djones.




4h35


Garçons passam recolhendo tudo. Mas a conversa estava tão boa. Somos 4, dois rapazes e duas mulheres, uma delas a que vos fala. Mas nada a ver. Somos todos amigos, colegas de trabalho.


Chicos, y si vamos a otro lado? Dale!




4h45 - 5h37


Outro bar. Fechado.


Outro. Miado.


Terceiro, uma baladinha after hours. Ok.




5h42 - 7h17


Chegamos. Sentamos. Um dos rapazes e minha colega vão pegar uma cerveja. Eu fico batendo papo com o outro, o único argentino entre nós. Era o personagem do pensamento solto.


Em certas oportunidades, eu já havia notado que ele ficava me olhando. Eu achava que era coisa da minha cabeça. Eu já tinha ficado vendo fotos dele e pensando "que graça... e tão figurinha... tão divertido... pena que é enrolado com alguém. Fora do baralho."


Então lá estávamos nós, o dia amanhecendo e a gente ali nem sei por quê. Da minha parte, juro que era vontade de conversar, de me divertir, era tão gostoso estar fora do ambiente de trabalho com eles todos.


Mas estávamos só eu e ele.


Até que não sei qual era o assunto e ele diz: por ejemplo, ahora yo te daría un beso. E me agarra.


Viro a cara, digo noooooo!!!


Por qué no?


Porque no! Sos mi amigo!


Y qué? Amigos se pueden besar. Es lindo que la gente se bese! Dale... dale... dale...


Já falei que a palavra "dale" tem poder sobre mim. Quatro dale e eu faço quase qualquer coisa. Dale acompanhado de beijinhos, carinhos e palavrinhas bonitinhas... e o cara é fofo...


Eu me rendo.


Beijo beijo beijo beijo


Sos tan linda, pero tan linda... me contaste que sos insegura, no podés ser insegura... sos muy linda, y te lo digo por muchos argentinos que creen que sos linda *beijo* y por muchos brasileros también *beijo* ah, toda Latinoamérica te ama! *beeeeijo*


Quem resistiria, né? Eu também sou filha de Deus. Dar umas bitocas em um amigo, o que é que tem? Aliás, primeira vez que eu pego alguém do trabalho na vida. Poxa.




8h12 - 14h30 (sábado)


Sono.


Hoje vou sair com o meu rapaz. Que delícia! Ontem ele puxou conversa, nos falamos o dia inteiro pelo MSN. Adoro ele, adoro.


Puts... primeira vez na vida, dois em menos de 24hs. Inédito. O recorde tinha sido um no domingo e um na sexta. Tsunami no sertão, minha gente!! Astrologyzone.com é ciência exata.






22h02


Jááááá dizia o meu sábio pai: mulher é que nem índio, quando se pinta é porque quer guerra.


Djones em frente ao espelho. Corretivo, sombra, outra sombra, outra sombra, lápis, outro lápis, rímel, outro rímel, pó, blush, gloss.


Desta vez não era guerra - e quando eu digo guerra não é nem que saio por aí como franco-atiradora, aliás eu pegar alguém é até um evento raro. É guerra pra ver se acha alguém minimamente decente.


E ele parecia ser muito mais que isso.



23h00


Hola! Qué tal? Bien, vos? Bien! Perdón pero no había mesa mejor... Nooo no te preocupes, está perfecto! Y, qué contás?






23h03 - 2h35


Conversa conversa bebida pizza conversa conversa conversa.


Ele é lindo. Adoro ele.




2h40 - 3h00


Trajeto rumo à casa dele. Na boa. Quer dizer, já estava mais que na hora de rolar bitocas, né. Ai, tô nervosa. Socorro. Adoro ele.




3h00 - 3h57


Conversa conversa conversa


No querés subir a mi departamento, así lo conocés? Ah, no, ya es tarde...


Bueno.


Bueno.


Bueno.


Bueno.


Bueno, sos muy timido...


E meti-lhe um beijo na boca. Orra. Eu também sou tímida, até a hora em que não aguento mais.






3h57 - 5h12






Beijo beijo beijo beijo beijo beijo beijo.






Adoro ele.






5h12 -5h37






Bom, então tá, vou indo porque... (tento ligar o carro. Nada) já é tarde e... (de novo. Nada. Só barulhos estranhos).


Ay ay ay!


Burra. Quem mandou deixar os faróis ligados, e ligar a parte elétrica pra ligar o ar-condicionado. Descarregou a bateria do carro. E agora, quem poderá nos ajudar?


Ligo no serviço 24 horas da garantia. Señora, el auto ya no está en la garantía. Que beleza, minha gente!


Tento de novo ligar. Nada. De novo. Nada. Naaaada!


Vamos pra um posto de gasolina aqui perto ou ver se a oficina que tem na outra rua está aberta. Não deve estar, mas de repente, né.


Adoro ele.

Saímos do carro, um monte de caras que estavam no kiosco (instituição argentina, banquinhas que vendem guloseimas, cigarros, camisinhas, bebidas, etc etc) perguntam se queremos ajuda.




5h44 - 5h49


Djones em pleno San Telmo sentada no seu carro sem bateria sendo empurrado por uns cinco caras, um deles o meu rapaz, coitado. Nada.


Um cara se oferece, assume o banco do motorista - era vizinho do meu rapaz. Segunda tentativa, eu olhando e eles empurrando. Pegou!!!! Bueno, nos despedimos acá. Qué primera cita, eh!


*beijo beijo beijo*


Adoro ele.



6h20


Mensagem: llegaste bien a tu casa?


Adoro ele.



7h30


Vou dormir. Sorrindo. Que fim de semana!!! Nunca na história deste país, como diria nosso presidente, eu tinha reunido tanta história de rapazes pra contar em tão pouco tempo. E nunca na história deste país eu tinha tido um pressentimentinho tão bom em relação a alguém em tão pouco tempo. Ai ai ai... eu mereço, porra! Deus, ou o que quer que haja lá em cima, por favor. Eu já comi o pão que o diabo amassou e o anjo mau da solidão botou no forno. Obrigada pelo fim de semana de fartura. Tsunami no sertão. Mas eu quero alguém minimamente decente. Tá ouvindo? O outro foi coisa de momento, foi chuva de verão, como dizia a canção. Esse, o meu rapaz... parece que... não sei... fica esperto com ele, você aí de cima, tá? Dá uma forcinha aqui pra mim, pode ser? Obrigada.


Será que o horóscopo tinha razão?


Bom, eu vou é dormir que o dia já amanheceu."

Atualizando: desde então, o rapaz é meu namorado.  (e a plateia feminina faz OOOOOHHHH de fofura).

sábado, 22 de janeiro de 2011

Casadas X Solteiras - Post 2

Outra coisa que diferencia o mundo das casadas e o mundo das solteiras é o quê e como elas comem.

A casada tem que cozinhar pelo menos pra dois ou pra família, fazer uma refeição balanceada paras os filhos ou batata frita e bife, que é só o que o Rodriguinho come. Ás vezes a empregada ajuda, deixa alguma coisa pronta, mas seja lá como for geralmente a casada tem uma comidinha fresca, quentinha e saborosa pra comer no jantar.

Ela se senta à mesa com o marido e os filhos, se os tiver. A mesa está posta: toalha, pratos, talheres, travessas, guardanapos, copos. O papo é sobre como foi o dia, o que tem que comprar, que o Ricardo e a Ana estão se separando, o chefe que enche o saco, o que o Rodriguinho aprontou na escola.

Já a solteira mora sozinha. Chega em casa, abre os armários da cozinha, a geladeira, fica pensando no que vai comer. Puts, cozinhar só pra mim? Descascar, cortar, assar, cozinhar e, principalmente, sujar? É muito trabalho. Neste momento, o grupo das solteiras se divide em dois: a solteira preocupada com a saúde e a dieta que faz uma saladinha, um sanduíche com pãozinho integral ou umas frutinhas; ou a solteira bagaceira e/ou preguiçosa, que manda um miojão pra dentro, um misto quente ou, no extremo da bagaceira, se entope de Doritos e Bono. Para ambas sempre existe a opção de descongelar algo que estava no congelador sabe-se lá desde quando, tipo um feijão que a mãe fez há algumas semanas num almoço de domingo. O melhor amigo da solteira é o micro-ondas.

Ela dificilmente se senta à mesa, a não ser que dela dê pra ver a TV ou usar o lap top. A cama ou o sofá são a cadeira e o colo, a mesa (as mais paramentadas têm aquela bandeja com pezinhos específicas para comer assim). A solteira pode até estar acompanhada de pessoas durante a refeição, mas elas estão na tela da TV ou até no Skype. De vez em quando vem alguma amiga também solteira, um amigo gay, quem sabe até uma galerinha para as mais festeiras. Mas a maior parte das solteiras de (quase) 30 não curte tanto receber galerinha assim pra comer durante a semana, porque depois ela que tem que limpar e lavar tudo sozinha. Um saco. Melhor o miojão comido em 10 minutos e pronto.

Casadas versus solteiras. Diferentes em algumas coisas, semelhantes em outras. No final, são todas mulheres - com tudo o que isso implica...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Casadas X Solteiras - Post 1

Aos (quase) 30, nós mulheres heterossexuais basicamente nos dividimos em dois grupos: as solteiras e as casadas. Fazem parte do primeiro grupo as que estão sem um macho pra chamar de seu, as separadas sem filhos, as que tem aquele(s) que são tipo ano bissexto, só rola de vez em quando; ou mesmo as que estão naquela gostosa fase de começo de namoro. Incluiria no grupo das casadas as casadas (jura!?), as que moram junto e até as que só namoram mas já é aquele namoro longo quase-casamento.

Os dois grupos, mais do que simples grupos ou times de futebol feminino em algum evento de fim de ano da empresa, são na verdade dois mundos. Seus membros levam vidas mais ou menos parecidas, tem problemas em comum, passam pelas mesmas alegrias e perrengues. Às vezes esses mundos se misturam, colidem, afinal eles convivem bem de perto e, a qualquer momento, uma mulher pode passar de um mundo a outro sem nem passar por algum portal mágico ou pegar um avião. Basta tomar um decisão ou que o seu parceiro tome alguma. Vem um sofrimentozinho e pronto, bem-vinda ao novo mundo. Mas em algumas coisas esses mundos são bem diferentes.

A relação básica entre estes dois grupos se dá através da inveja. As casadas invejam as solteiras e as solteiras, as casadas. Fato. A casada, mesmo que seja lá no fundo, quando tá limpando a bundinha cocozenta do nenê depois de trabalhar o dia inteiro pensa naquela amiga meiA maluquete que vive pra cima e pra baixo, toda serelepe, viajando, fazendo curso, com um trabalho bacana e sempre cheia de historias divertidas de homem pra contar. "Ela é que é feliz. Cada hora com um gato diferente, uma vida cheia de emoções, gente interessante, baladas, eventos, lugares, fotos... e eu aqui, dormindo todas as santas noites com o mesmo de sempre há anos - o que mudou foi só o tamanho da barriga e da careca. Sem poder fazer nada que afete o orçamento familiar, sem poder fazer o que me der na telha e não avisar o marido e sem poder deixar de pensar nos filhos. Merda". Por mais feliz que a casada seja, em algum momentinho - pode ser na TPM - ela vai pensar algo assim.

E a solteira não fica atrás, não. A solteira, mesmo que seja lá no fundo, quando tá tirando a maquiagem depois do quinquagésimo primeiro encontro mal-sucedido em menos de seis meses, pensa na amiga casadinha, com um bom maridinho, filhinhos lindinhos e um trabalhinho estável. "Ela é que é feliz. Uma vida tranquila, já tem marido, já tem filhos, não tem essa de tia velha enchendo o saco querendo apresentar o afilhado da vizinha (um moço muito bom, adEvogado!), não tem essa de ficar aflita cada vez que lê reportagem sobre o inexorável relógio biológico feminino, não fica inventando coisa pra fazer pra não sentir essa solidão toda. Tem horários, come direitinho, enquanto eu sou esse desastre comedor de miojo. Merda". Por mais feliz que a solteira seja, em algum momentinho - pode ser na TPM - ela vai pensar algo assim.

Casadas versus solteiras. Essas mentes que idealizam a vida alheia. A grama do vizinho é mais verde, a casa dele é mais bonita, o pau dele é maior. Claro que há muito mais do que invejinha entre esses dois intrigantes mundos, mas são temas que ficam para outros posts. 



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Adivinha o que é?

Hoje em dia ninguém te conta nada, você fica sabendo pela internet. Twitter, Facebook, blogs, a pessoa bota lá e pronto: não tem que ter o trabalho de contar o ocorrido pros amigos. Conversar pra quê, né? Telefonar, mandar um e-mail, chamar pra tomar um café ou uma breja, tudo isso dá muito trabalho. A gente não tem tempo. Escreve lá e quem quiser se manifestar, que se manifeste, e se não, beleza.

Muitas vezes é ainda pior: a gente fica tentando adivinhar o que aconteceu pelas coisas que a pessoa publica. Pode ser a estrofe de uma música, uma frase ou uma palavra apenas. Quem sabe até um emoticon. Se uma amiga coloca "chora, me liga, implora pelo meu amor...", é provável que ela tenha terminado com o namorado e esteja tentando manter o ar de superioridade. E é provável também que ela não tenha um bom gosto musical, mas ai já é outra historia. O ":-(" mostra que a pessoa está triste (será que se separou? Foi demitido?), ou decepcionada (ela deve ter brigado com aquela biscate da amiga dela) ou apenas um mal-humor com mais carga dramática. Emoticon dá mais margem à imaginação. E tem o "feliz! :)". Admito que esse quase sempre me dá raivinha, porque em geral é de gente que parece que precisa ficar o tempo todo mostrando pro mundo que é feliz. Eu acho que na verdade é um auto-convencimento, mas isso seria tema pra outro post.

Ás vezes o joguinho de adivinhar rola através das coisas que outras pessoas escrevem pra uma pessoa. Tipo "poxa, sinto muito, força aí", e entao imaginamos que alguém morreu. E a gente acaba morrendo é de curiosidade, vontade de perguntar "quem?? O que houve?" mas nem sempre podemos fazer isso, primeiro porque pode ser algo muito delicado e segundo que nem sempre temos intimidade suficiente com a pessoa. Ou escrevem "quando vai ser a sua despedida? Vamos agitar algo" e temos que adivinhar se a pessoa vai se casar ou vai embora. Complicado.

E as contagens regressivas no nick do MSN, então?? "Faltam 3 meses". Pra quê, meu Deus?? "12". 12 o quê?? Dias? Meses? Anos?? Pra quê?? Ai ai ai, é angustiante!!

Mas o pior de tudo é que às vezes a própria pessoa fica sabendo de coisas que a atingem diretamente pela internet ou tem que adivinhar. Uma amiga "adivinhou" que a tia doente tinha falecido porque uma amiga da prima da vizinha da mãe dela (estou exagerando, mas era algo assim distante) escreveu "sinto muito" pra ela antes mesmo de a família ter contado o que houve. Péssimo!

Tempos estranhos esses, de tanta e ao mesmo tempo tão pouca comunicação...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Frase do dia

Eu não trairia um marido porque, quando olhasse pra ele, teria que dizer "pô, mas esse cara é um corno!". E eu não quero um corno como marido.  (Danuza Leão)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Complexo

Hoje reparei que, quando um homem olha pra mim na rua, a primeira coisa que eu faço é ver se o zíper da minha calça está aberto, se caiu algum botão ou se a minha roupa está suja. Meu cérebro não processa logo de cara que a pessoa pode estar olhando pra mim porque me achou atraente. Bobona, né?

Conscientemente eu sei que não sou nenhum desastre da natureza, que tem gosto pra tudo e que é perfeitamente possível que um cara qualquer me veja e pense "opa, que coisinha" - possibilidade esta que varia conforme as faculdades mentais, o teor alcoólico no sangue e a acuidade visual do sujeito.

Mas na hora o que eu penso é "que foi? Tô cagada?"

Tem mulher que, na mesma situação, se empina toda, numa postura tipo "baba baby, sou gostosa mesmo". Admiro. Outras morrem de vergonha. Algumas nem se ligam. Algumas até se ofendem.

Na próxima vez, repare na sua reação. Acho que ela diz algo sobre a gente...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Separar, se parar

Hoje vi no blog Mulher 7X7 um post interessante de uma das jornalistas contando o caso de uma amiga que está feliz da vida saindo com um homem. Até aí, puxa, que bom pra ela. A questão é que o eleito ainda mora com a ex-mulher, um ano depois da separação. Diz que a ex-mulher não trabalha, e tem o filho, e ele não tem dinheiro pro divórcio. Aí ela pergunta tipo "o que vocês fariam?".

Não resisti e deixei um humilde comentário que dizia o seguinte: quem quer MESMO se separar, se separa. Fica duro por um tempo, arruma um emprego, vai vender quentinha, faz dívida, vai morar na casa dos pais ou de uma amiga ou qualquer outra coisa. Mas não fica convivendo com o cadáver de uma relação todo santo dia.

Pode até ser que o relacionamento entre o cara e a (quase) ex-mulher não exista mais ou esteja agonizando, mas talvez sigam existindo entre os dois alguns laços difíceis de romper. Talvez haja, lá no fundo, um medo de se jogar na vida fora dessa relação. Natural depois de muito tempo juntos. Vai saber.

Por via das dúvidas, seria melhor a amiga dizer "olha, te adoro, mas resolva a sua vida antes e depois me procura". Claro que é fácil falar e difícil fazer, mas...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Da série "Diálogos incríveis pelo MSN"

O seguinte diálogo se deu há pouco entre uma grande amiga e eu. Ela é a X e eu a N.

X - Minha promessa de réveillon é não beijar menores de 30 anos.
N - hahaha mas por que esse preconceito com a idade?
X - Porque seleciona um pouco.
N - Mas sei lá se garante alguma coisa, porque tem uns de 30 que são piores que os de 18.
X- Ah sim, mas pelo menos, em boa parte dos casos, já mora sozinho, tem celular pós-pago, e é um pouquinho menos sem noção.
N - hahaha O CRITÉRIO É O CELULAR PÓS-PAGO
X - senão te liga a cobrar, liga e desliga por que não tem crédito. Não dá. Pede pra você fazer comida... juro. Por isso vou manter minha promessa, a partir de hoje, de só ficar com nascidos a partir de 1980

Porque pra escolher homem a gente tem que ter critérios, né, minha gente?

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Desafio - Um ano sem comprar roupa

Na verdade essa nao é uma resolução de ano novo, mesmo porque eu já tinha decidido em outubro do ano passado, quando voltei de viagem cheeeia de roupinha nova na mala. E desde então me mantive no desafio que fiz a mim mesma: quero ficar um ano sem comprar roupa.

Porque eu tenho muitas e elas mal cabem no meu diminuto armário. Porque eu tenho coisas lindas que eu nem uso e nem sei por quê. Porque eu tenho roupas que nem usei ainda. Porque as combinações com o que já tenho são infinitas. Porque você compra uma camisetinha lá e um vestidinho ali e quando vai ver gastou um dinheirão que poderia ter sido usado pra coisas mais úteis lu mais legais, como viajar. Porque ás vezes a gente pensa "poxa, preciso de uma blusinha branca" sendo que na verdade a gente tem blusinhas brancas, ás vezes dezenas de blusinhas brancas, que estão lá em perfeitas condições mas esquecidas, preteridas, escondidas atrás do que compramos mais recentemente.

O desafio não inclui acessórios, sapatos e bolsas. Não tenho tantos sapatos assim e alguns dos meus mais queridos já estão meio fodidinhos, assim como as bolsas. Também amo brinquinhos, colares, pulseiras, mas não compro tanto a ponto de pesar no meu humilde orçamento - os últimos brincos que comprei custaram menos de R$1,50. Mas isso também não significa que vou sair por aí comprando essas coisas. Só vou comprar o que eu realmente precisar e estiver em liquidação ou em ponta de estoque.

Outra exceção é se, antes de outubro deste ano, eu for viajar pra algum lugar que tenha roupas que valem a pena comprar pelo custo/benefício e/ou que tenham H&M. Pra quem não sabe, H&M é uma rede de lojas sueca, como uma Zara mais barata. Amo! Mas não é provável que eu faça uma viagem assim antes disso, então nem vou contar com essa exceção.

Não compro roupas desde que voltei dessa minha última viagem fora do eixo Brasil - Argentina, dia 12 de outubro. Ganhei algumas de aniversário e olhe lá - obviamente não faz parte do desafio recusar roupas de presente. Já são quase 3 meses, acho que é um recorde!

Não que eu seja fanática por compras e que deva literalmente até as calças no cartão de crédito. Longe disso. Mas eu gosto. Gosto de ir passear por lojas, shoppings (vazios, por favor) e de repente comprar alguma coisinha. A gente se sente bem, se distrai com as coisinhas coloridinhas, acha que vai ficar mais bonita com tal roupa que vê na vitrine. Sou daquelas que saem pra comprar uma saia preta e volta com um vestido azul, uma camiseta cinza, uma sapatilha colorida. E a saia preta? Ah, não gostei de nenhuma.

Estou tentando ter essa sensação gostosinha de entrar na loja pra escolher algo lindo olhando pro meu próprio armário e vendo o que eu vou colocar, como vou combinar. Tentando deixar de querer sempre o que não tenho e ser feliz com o que tenho. Sei que vai ser difícil, mas juro que pelo menos por enquanto está mais fácil do que eu imaginava.

Vou escrever posts sobre isso para que meus (parcos) leitores me acompanhem nesta eeeemocionante jornada. Vamos ver o que vai dar!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Calorias

Estava voltando da academia, feliz por ter feito exercício e perdido 469 calorias segundo o meu medidor. Comecei a pensar em comer uma torta de frango ou algo com muito queijo. Sem-vergonha eu, né?

Aí me veio à cabeça um dilema deveras importante, vejam se vocês me entendem:

Faz de conta que você gastou 400 calorias fazendo exercício e, depois, come algo que possui 400 calorias. Qual deve ser a linha de pensamento: "comi mas malhei, então é como se eu não tivesse comido" ou "malhei mas comi, então é como se eu não tivesse malhado"? 

Complicado.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Tiro de meta

  1. É clichê, mas vamos lá falar das metas pra 2011. Aliás, também é bem clichê dizer que falar de metas nessa época é clichê, né? Mas vamos lá.
    Controlar o peso e parar a sanfona. Até que consegui, mas posso melhorar. Sair mais com os amigos. Terminar o MBA e depois fazer cursos que podem me ajudar. Mudar de emprego, não mudar de namorado. Fazer mais viagens pequenas sem perder de vista uma ou duas grandes. 
    Mais telefone e e-mail e menos Facebook e Twitter. Menos teoria e mais prática. Menos elevador e mais escada. Menos carro e mais a pé. Menos crise e mais decisões. Menos medo e mais criatividade. Menos TV e mais livros. Menos noiar e mais curtir. Menos chocolate mas mais doçura. Menos timidez e mais cara-de-pau.
    Menos empurrar coisas chatas com a barriga e mais me livrar delas de uma vez simplesmente fazendo o que tiver de ser feito. Menos comprar e mais usar o que eu tenho. Menos pensar e mais agir. Menos comer e mais saborear, menos duvidar e mais confiar. 
    Não ficar achando que, se não consegui até agora, não vou conseguir mais. Não esquecer que talvez eu ainda não veja a luz no fim do túnel porque estou apenas fazendo uma curva. Pensar que eu "só tenho 30 anos", e não "já tenho 30 anos". Ter consciência de que tudo o que fiz até agora e estou fazendo em todos os aspectos da minha vida contribui para o caminho que estou trilhando e que, mesmo que eu não saiba bem aonde vai dar, já é belo.
    A minha vida está nas minhas mãos e em 2011 vou fazer de tudo para torná-la ainda melhor pelo menos no de depender de mim.