terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Delícia, delícia é a p&$# que te pariu

Há fenômenos que não se explicam. Por que bocejamos quando vemos alguém bocejando? Por que  mulheres que convivem muito tendem a menstruar juntas? E por que cazzo músicas horrorosas como "Ai, Se Eu Te Pego" fazem tanto sucesso?

A canção de Michel Teló (quem?) há meses vem infernizando  tocando em baladas, festas, eventos, restaurantes, padarias, lojas ou qualquer outro lugar não só do Brasil, mas parece que da face da Terra. Tem versão em inglês, versão em francês, versões remix. Toca na Rússia, toca em Israel, toca na Argentina, toca não sei onde. Se bobear, deve tocar no pico do Everest. Ás vezes até no aconchego do seu lar, você está lá quietinha e começa a ouvi-la do nada. Pode ter sido um carro com o som alto, pode ter sido um vizinho barulhento. Ou pode ser parte de uma conspiração do demônio pra deixar todo mundo louco. 

Como profissional do entretenimento (*cof, cof*) eu fico me perguntando o que explica isso. Parece que o horror a moda se espalhou pelo mundo por causa do Cristiano Ronaldo, que aprendeu a coreografia não sei com qual jogador brasileiro e a fez para comemorar um gol. Algo assim. Bom, até prefiro que o jogador bicha  português espalhe "ai se eu te pego" em vez de espalhar a moda de homem tirar a sobrancelha como ele. Mas mesmo que seja ele o "culpado", não consigo entender por que a coisa se espalhou tanto. O povo realmente acha a música bacana? O ritmo? A letra? A coreografia? O cantor?

Vejamos. O ritmo é igual ao de outras 4986 músicas lançadas anualmente no Brasil. A coreografia é uma mistura de macarena com ragatanga com um gestinho sexual mais velho que guaraná com rolha, aquele de balançar as mãos fechadas pra frente e pra trás ao lado dos quadris. O cantor é um magrelinho com mais reflexo no cabelo que a Adriane Galisteu. E a letra é tao ruim que merece um parágrafo à parte:

A história do rapaz na música começa na balada, num sábado. Como tantas histórias começam. Histórias que duram 5 minutos, 5 anos ou até a vida toda. Aí a galera começou a dançar. Provavelmente porque começou a tocar "ai, se eu te pego", o que seria uma coisa assim meio metalinguagem. Aí passou a menina mais linda, pelo menos na opinião do rapaz. Então ele teve que tomar coragem pra dizer a ela o refrão (que todo mundo sabe mas faço questão de colocar aqui só pra você ficar com a música na cabeça, se é que já não estava): Nossa, nossa/ Assim você me mata/Ai, se eu te pego, ai, ai, se eu te pego/Delícia, delícia/Assim você me mata/ Ai, se eu te pego, ai, ai, se eu te pego.

Minha gente! Imagine se você, mulher bacana, tá lá toda embonecada, passou horas no espelho, bagunçou o armário inteiro pra escolher roupa, quase fritou os dedos na chapinha só pra desfilar na balada. Aí chega o cara na sua orelha: "nossa, nossa". E com esse "nossa" nojento que o tal do Michel Teló faz na música, esse "nossa" meio entredentes, bem pedreirão tarado mesmo. Pelamooordedeus!! Eu sairia de perto, no mínimo. Mas ele, não contente, continua: "assim você me mata, ai, se eu te pego". Nojo!! Nojo total! Cadê o respeito para com a mulher? Já chega chegando, já chega dizendo isso? Teve que tomar coragem pra falar essa merda? Cadê a originalidade do xaveco, o sorriso maroto, o charme? 

E volta o pedreirão tarado, dizendo entredentes: "delícia, delícia, assim você me mata". Olha, eu até te mataria, querido, mas de porrada. E "delícia" é ou pra comida, ou pra viagens, passeios, ou bebês. Pra mulher, só se for o namorado/marido/machoqualquer num momento empolgado. Tudo, menos um estranho na balada falando isso na tentativa de te seduzir.   

Então se nada nem na música, nem no cantor e nem nada relacionado diretamente a eles explica o sucesso, o que explica?? O quê?? Não sei. Só sei que o tal do Teló deve estar ganhando muito mais dinheiro do que eu vou ganhar talvez em toda a minha vida. E é bom ele aproveitar mesmo, tocar onde for, aparecer no Fantástico, posar na G Magazine, sei lá, porque duvido que isso dure muito ou que ele emplaque outra dessa. 

Ai, se eu te pego, Michel Teló... eu te tranco num quarto por dias ao som de "ai, se eu te pego" no último volume!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Velha?

- É que quando a gente fica velha...
- Fale por você, eu não sou velha! Eu não me acho velha! Eu tenho saúde, eu faço tudo sozinha, eu não sou velha, não!

A primeira tem 83. A segunda, que não é velha, não se acha velha, tem 88. Quase 90. Anda pra cima e pra baixo, sempre arrumadinha, maquiada, penteada e de saltinho alto.

É como disse uma véia ontem no Fantástico: envelhecer é inevitável, mas ficar velha é uma opção.

E eu, 31, choramingando pela minha "velhice". Meta pra 2012: deixar de ser besta.